Dom Rodrigo de Lagos nomeado às 7 Maravilhas Doces de Portugal
O mais tradicional doce de Lagos – o Dom Rodrigo – está nomeado para as 7 Maravilhas Doces de Portugal. De acordo com a organização, o desafio é eleger os melhores Doces de Portugal, enfatizando a tradição e a inovação, associadas a determinada região do país.
Diz a tradição que o Dom Rodrigo de Lagos, um bolo algarvio de origem conventual, terá sido criado no séc. XVIII, no antigo Convento de Nossa Senhora do Carmo em Lagos, pelas mãos das freiras Carmelitas, em honra ao fidalgo D. Rodrigo de Menezes Governador da Praça. A comercialização do Dom Rodrigo de Lagos terá começado a partir dos anos 30 do séc. XX, com a abertura da “Casa de Doces Regionais – Taquelim Gonçalves” (o mais antigo estabelecimento de Lagos dedicado à doçaria, e que ainda hoje existe).
Atualmente, visitantes de toda a região e país aqui se deslocam para provar este afamado doce, uma referência da cidade de Lagos, e da região do Algarve.
Por este motivo, a Câmara Municipal de Lagos decidiu avançar com a candidatura para as 7 Maravilhas Doces de Portugal.
Recorde-se que a iniciativa foi apresentada em fevereiro, por Luis Segadães, presidente das 7 Maravilhas, e o formato televisivo por José Fragoso, Diretor da RTP1 e RTP Internacional.
Para efeitos deste Concurso, a Tradição é definida como o hábito de consumir e/ou de produzir um determinado DOCE ao longo do tempo, em que as referências históricas serão um critério essencial a assinalar em cada candidatura. Por seu turno, a Inovação é definida pela capacidade de criar um DOCE, quer este seja um bolo, um pastel, pudim, gelado ou outro, que represente uma inovação face aos doces tradicionais, mas obrigatoriamente, à base de um ou mais produtos endógenos.
“Um dos pilares das 7 Maravilhas, que já vai na sua oitava edição, tem sido, desde sempre, dar a conhecer as nossas tradições, contribuindo para a sua preservação. Por muito que o projeto se reinvente, a nossa missão mantém-se», referiu Luis Segadães, presidente das 7 Maravilhas, referindo, na altura da apresentação do projeto, que “a grande aposta deste ano é na Inovação à base de produtos endógenos, incentivando ao empreendedorismo local. A tradição, a importância económica, social e cultural dos doces são também critérios preponderantes”.
Depois de ver a sua candidatura aceite, o Dom Rodrigo de Lagos passa agora a ser um dos nomeados às 7 Maravilhas Doces de Portugal.
As semi-finais vão acontecer a 24 e 31 de agosto, em dois programas em direto na RTP1, transmitidos em horário nobre. Catarina Furtado e José Carlos Malato voltam a ser os anfitriões e embaixadores das 7 Maravilhas, apresentando as três Galas (duas semifinais e uma Grande Final). A Gala Finalíssima decorre a 7 de setembro e será também transmitida pela RTP1, em horário nobre. Dos 14 finalistas apurados vão ser eleitos 7 doces pelos portugueses como 7 Maravilhas de Portugal. + INFO sobre o projeto em https://7maravilhas.pt/
Informação Complementar sobre o Dom Rodrigo:
→ Referência Histórica do Doce
Diz a tradição que o Dom Rodrigo de Lagos, um bolo algarvio de origem conventual, terá sido criado no séc. XVIII, no antigo Convento de Nossa Senhora do Carmo em Lagos, pelas mãos das freiras Carmelitas, em honra ao fidalgo D. Rodrigo de Menezes Governador da Praça.
Terá, também, sido elaborado nas cozinhas dos conventos, onde as freiras e monges preparavam iguarias doces à base de açúcar, ovos e amêndoas, e que tinham depois como destino as mesas dos palácios e casas senhoriais, em dias de festa. De acordo coma história, o Dom Rodrigo era servido nas festas dos nobres e abastados comerciantes e industriais, em taças de vidro ou em porcelana, sendo degustado à colher. Para consumo em casas particulares era apresentado em forma de rebuçado, sendo utilizado para o efeito o papel de seda em várias cores.
Recorde-se, a título de curiosidade, que a apresentação deste doce, como hoje é conhecido, remonta à introdução do papel de alumínio em Portugal, no séc. XX, que no início tinha a cor prata e, posteriormente, passou a ter várias cores, de forma a diferenciar-se e assim atrair o consumidor.
A comercialização do Dom Rodrigo de Lagos terá começado a partir dos anos 30 do séc. XX, com a abertura da “Casa de Doces Regionais – Taquelim Gonçalves” (o mais antigo estabelecimento de Lagos dedicado à doçaria, e que ainda hoje existe).
Atualmente, visitantes de toda a região e país aqui se deslocam para provar este afamado doce, uma referência da cidade de Lagos, e da região do Algarve.
→ Descrição do Doce
Sendo um doce com características muito específicas, o Dom Rodrigo de Lagos tem na sua composição fios de ovos, ovos moles, miolo de amêndoa do Algarve e canela.
Para a confeção deste doce são inicialmente confecionados os fios de ovos, através de uma calda com açúcar e água até obter o ponto pérola. As gemas de ovos são depois introduzidas na calda, através de movimentos circulares com um funil próprio, com mais de três bicos. Os fios de ovos cozem por instantes na calda e são retirados do lume com um coador de rede, para que seja possível retirar o excesso da calda.
O doce de ovos é confecionado através de uma calda, cujos ingredientes são o açúcar, água e pau de canela. Quando esta obtiver o ponto pérola é adicionado a canela em pó, e a amêndoa torrada moída. As gemas batidas são só adicionadas quando a calda já estiver morna. De seguida cozem em lume brando.
Assim que o doce de ovos estiver frio será necessário moldar pequenas “bolas”, juntamente com os fios de ovos, sendo depois colocadas numa frigideira (cerca de 4 a cinco bolas de cada vez), juntamente com um pouco da calda onde foram feitos os fios de ovos. São viradas até obterem uma cor dourada e, de seguida, retiradas para um tabuleiro onde permanecerão até estarem completamente frias.
Para embalar o Dom Rodrigo de Lagos são cortados quadrados de papel de cristal e de papel de prata fino, de várias cores. Coloca-se o quadrado de papel de cristal no centro do quadrado de papel de alumínio, e de seguida as “bolas” de Dom Rodrigo, unindo-se as quatro pontas do quadrado de papel de alumínio. Fecha-se formando uma ponta, e pressionando-a ligeiramente para baixo, dando uma forma tosca ao embrulho.
Diz-se que o “segredo” do Dom Rodrigo de Lagos reside, tanto na confeção da calda (confeção do açúcar em “ponto de pérola”), como na utilização da amêndoa da região Algarve e na forma como é tostado. Um regalo para os olhos e um mimo de sabor!