Lagos acolheu as 1ªs Jornadas USF do Algarve
“(Re)Lançar as USF na Região” foi o mote das 1ªs Jornadas de USF do Algarve, organizadas pela Administração Regional de Saúde do Algarve, em parceria com o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Barlavento e com o apoio da Câmara Municipal de Lagos, que decorreram nos dias 29 e 30 de novembro em Lagos, e que contaram com a presença do Secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado.
Como relançar os Cuidados de Saúde Primários, como impulsionar e acompanhar as Unidades de Saúde Familiar (USF), a importância da Qualidade e Acreditação das unidades de saúde, a experiência das USF no Algarve, a integração e articulação entre as várias áreas da prestação de cuidados e a nova metodologia de contratualização nos cuidados de saúde, foram alguns dos temas que estiveram em debate neste encontro que contou a participação do Secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, do Coordenador Nacional para a reforma do SNS da área dos Cuidados de Saúde Primários, Henrique Botelho, do Coordenador Nacional para a reforma do SNS da área dos Cuidados Continuados Integrados, Manuel Lopes, do Presidente da Direção da Associação Nacional das USF, João Rodrigues, bem como de profissionais de saúde do Algarve e do resto do País.
Leonor Bota, Diretora Executiva do ACES Algarve II – Barlavento e organizadora desta iniciativa, reforçou a importância deste evento “o primeiro a decorrer no Algarve ligado a esta temática com o objetivo de partilhar conhecimentos e experiências de trabalho nesta área das USF”. Relembrando que na área do barlavento, em 2016, foram criadas 2 novas USF (USF Descobrimentos em Lagos e a USF Atlântico Sul em Portimão), a responsável adiantou que está já em análise a criação de novas USF, e em concreto mais uma para Lagos (USF Amendoeira). A responsável defende que “é fundamental que exista pelo menos uma USF em cada concelho do Algarve”.
Uma ideia corroborada por Paulo Morgado, Presidente do Conselho Diretivo da ARS Algarve, IP. De acordo com este responsável, “a ARS Algarve abraçou de imediato esta iniciativa uma vez que entende que as USF têm muito potencial e são um modelo que importa promover e desenvolver, já que são exemplos emblemáticos porque representam um modelo mais humanizado e que pretendem dar uma resposta mais rápida às necessidades das populações onde estão inseridas”. Para Paulo Morgado é importante “que a realidade das USF se estenda a todo o Algarve, e mesmo a todo o país. O grande objetivo é que todos os utentes tenham a possibilidade de ter um médico de família. Queremos melhores serviços de saúde, e isso também só se alcança graças ao empenho de todos os profissionais nestes projetos”, lembrando, a propósito, que as USF nascem por iniciativa dos próprios profissionais, sendo que o papel da ARS é oferecer depois as condições para que o projeto tenha viabilidade. O que tem dificultado um pouco o avanço de alguns projetos já apresentados nesta área é, segundo o responsável pela ARS Algarve, “as carências que a região ainda apresenta ao nível de recursos humanos (assistentes operacionais, enfermeiros, médicos) que se espera que sejam colmatadas no mais curto período de tempo”.
Para Maria Joaquina Matos, presidente da Câmara Municipal de Lagos, “a realidade das USF é importantíssima uma vez que o município tem sentido as dificuldades nesta área”. A autarca reforçou que a entrada em funcionamento da USF Descobrimentos, em maio de 2016, foi “fundamental, mas ainda não cobre a totalidade da população sem médico de família” pelo que aproveitou para anunciar publicamente que “a autarquia prestará todo o apoio possível e o que estiver ao nosso alcance para que a nova USF Amendoeira seja uma realidade”. Destacando desta iniciativa “o espírito de cooperação entre os profissionais desta área e a preocupação com os seus doentes”, Maria Joaquina Matos mostrou-se muito satisfeita com as Jornadas sublinhando o facto de que “aqui foram discutidos assuntos já numa vertente de apresentação de possíveis soluções para a promoção da qualidade da saúde”.
“Os cuidados de saúde primários são a porta de entrada do nosso sistema nacional de saúde. Por isso mesmo defendemos um sistema de qualidade, mas que também seja amigo das pessoas, que haja humanização”, afirmou Manuel Delgado, Secretário de Estado da Saúde. De acordo com o mesmo “as USF representam para o Governo um esforço acrescido para aumentar a resposta aos cidadãos nesta área da saúde”. Por isso mesmo Manuel Delgado defende que estas USF têm de representar várias dimensões, nomeadamente: proximidade, rapidez, disponibilidade, pontualidade, retirar doentes das urgências, controlar as doenças crónicas, evitar internamentos, e a partilha de informação e conhecimentos e de processos entre os médicos de família e os médicos hospitalares. Para este governante é claro que “nas urgências hospitalares, cerca de 40 ou 50% dos utentes nem devia estar lá”. Adiantando que “já é possível observar uma descida, ainda que muito discreta (cerca de 2%), nas urgências, ainda é muito pouco”. A solução passa “por uma melhor triagem e fazer com que as pessoas tenham mais confiança nas USF”.
Sublinhando que quando entrou no Governo “havia um milhão e 300 mil pessoas sem médico de família e que, atualmente, são 700 mil”, Manuel Delgado conta poder, no final desta legislatura, alcançar o pleno de cobertura da população portuguesa com médico de família.