2.ª edição do PEDRA DURA – Festival de Dança do Algarve quase a chegar
Estaremos reféns de um presente acelerado? De toques e encontros digitais? Ou há ainda espaço para colocar o corpo na paisagem? De 9 a 18 novembro, o PEDRA DURA – Festival de Dança do Algarve regressa a Lagos para promover um encontro frente a frente, corpo a corpo. Esta segunda edição do festival dedicado à dança conta com duas semanas de espetáculos nacionais e internacionais, noites com DJ, filmes, masterclasses, conversas e ainda diversas propostas relacionadas com a ciência, as escolas e os públicos.
O Festival abre a 9 de novembro com a projeção do filme Ø ILHA de Cláudia Varejão e Joana Castro. No mesmo dia, em colaboração com a CAMADA – Centro Coreográfico, Daniel Matos inaugura o palco do Centro Cultural de Lagos com 11 Angels Saying No, onde desenha uma partitura coreográfica para 11 anjos, que reivindicam o poder de decisão, num silêncio aberto e iluminado, como que a antever um qualquer céu na terra.
Com uma programação diversificada e sempre em atualização, o Pedra Dura vai lançar um foco sobre o trabalho de Luara Raio, bailarine e coreógrafe brasileire, que chega em dose dupla com Flecha, onde apresenta uma dança entre a degeneração e regeneração do corpo, e Pedra Lançada, uma palestra-performance de ativação de tarot, aberta à participação do público. Já a artista Flora Detráz vem de França para apresentar Tutuguri, um espetáculo onde se manipula o som e o espaço com uma voz que deixa transparecer o poder da subtileza.
Ainda no âmbito da programação internacional, de Itália apresentam-se, pela primeira vez no Algarve, Ginevra Panzetti e Enrico Ticconi. Estreiam em Portugal AeReA, um espetáculo onde esvoaçam bandeiras com movimentos hipnotizantes.
O sagrado, o profano e o corpo como passagem e transmutação são temáticas presentes nos espetáculos Coreografia para Uma Santificação, de Mélanie Ferreira e Tiago Vieira, e Haze Gaze, de Silvana Ivaldi, cuja apresentação se complementará com uma conversa pós-espetáculo com o professor e ensaísta José Bragança de Miranda.
Entre a delicadeza e o ataque do detalhe do corpo e da palavra, Sofia Dias & Vítor Roriz ocupam o palco do Centro Cultural de Lagos com a emblemática peça Um gesto que não passa de uma ameaça.
Por estes dias, a velocidade vai aumentar a galope com Coin Operated de Jonas&Lander. Nesta instalação-performance, é o público quem fará arrancar o dispositivo. Para isso, é necessário que alguém coloque uma moeda nos cavalos de jogo onde os performers estarão montados, à espera de que alguém os ative.
Marta Cerqueira e Simão Costa apresentam Movediço #3, um espetáculo sobre o que se move e o que se muda de lugar. Entre fendas, escarpas e trilhos, a violoncelista e cantora Joana Guerra apresenta-nos o seu último álbum Chão Vermelho, num concerto a solo.
Em parceria com o Festival Dance On Screen Graz (Áustria), dirigido por Valentina Moar, abrimos espaço para a relação da dança com o ecrã através de uma seleção de vídeo-dança internacional no programa Osso-Locomotiva. Em paralelo, o PEDRA DURA desenhou o ciclo O Invisível Indizível na mostra de cinco sessões de filmes para a infância dedicadas às escolas primárias do concelho de Lagos.
Este ano, o Festival volta ainda a cruzar o Corpo-Dança com o Corpo-Ciência, num programa em colaboração com o Centro Ciência Viva de Lagos, propondo conversas em torno do Som e da Semiótica, passeios geológicos pelas arribas da Ponta da Piedade e uma observação noturna do céu, numa contínua contemplação de paisagens estelares.
Quando a noite cair, será o clubbing o mote de reunião para a purga contínua e para uma dissolução absoluta, permitindo que os corpos, voláteis, incorporem uma velocidade que os abrace na poesia de Trypas Corassao de Tita Maravilha e Cigarra, que também marcará presença em versão live act, e que se estendam para os DJ sets de Os Calipos e Fvbricia.
Como forma de contribuir para a formação das comunidades locais, serão ainda organizadas masterclasses com as/os bailarinas/os e coreógrafas/os Luís Guerra, Natacha Campos e Elizabete Francisca, bem como uma sessão de Yoga com Om Soraia.
Em complementaridade com o trabalho de cena, o Pedra Dura vai acolher a inauguração do CenDDA – Centro de Documentação de Dança do Algarve, um projeto que procura recolher, adquirir e arquivar materiais que traduzem uma dança em mutação, através da criação de uma Biblioteca e de um Arquivo/Mediateca sediados no Centro Cultural de Lagos.
No sentido de estreitar relações com o público, o festival conta ainda com o projeto Podemos tratar-nos por tu?, coordenado por Tiago Mansilha, que consistirá num ciclo de conversas entre o público e os artistas e no lançamento do Podcast Pedra Dura.
Estas são as propostas de uma programação que terá como ponto nevrálgico o Centro Cultural de Lagos, mas que se espalhará por diversos espaços da cidade. Para ficar a conhecer todos os detalhes e novidades, e para que dance de dia e de noite, consulte a página do festival, onde toda a informação será permanentemente atualizada.
O Festival conta com a direção artística de Daniel Matos e Joana Duarte. Uma coprodução da Cama – Associação Cultural e do município de Lagos, com o apoio da República Portuguesa/Direção Geral das Artes.