Dia do Município de Lagos vivido com fortes emoções
Celebrado a 27 de outubro em honra de S. Gonçalo de Lagos, padroeiro da cidade, o Feriado Municipal foi vivido de forma plena este ano, após dois anos dependente das restrições derivadas da pandemia. Entre iniciativas culturais e institucionais, destacou-se o regresso da Sessão Solene no Centro Cultural de Lagos, onde cerca de 31 individualidades, coletividades e entidades públicas foram homenageadas.
As celebrações arrancaram logo no dia 26 com o eletrizante espetáculo de David Fonseca no Centro Cultural, uma presença já habitual em Lagos. No dia seguinte, as atenções estiveram viradas para as várias iniciativas programadas para todo o dia, sempre com S. Gonçalo de Lagos em mente, celebrando-se este ano os 600 anos sobre a sua morte. Logo pela manhã, teve lugar a cerimónia de hastear das bandeiras na Praça Gil Eanes, contando com a participação da banda da Sociedade Filarmónica Lacobrigense 1.º de Maio, Grupo Coral de Lagos e a presença da Câmara Municipal e Assembleia Municipal de Lagos e das várias associações culturais e desportivas locais.
Ainda durante a manhã, e para deleite das dezenas dos participantes, decorreu uma visita guiada sobre a história de S. Gonçalo, tendo sido também celebrada, na Igreja de Santa Maria, uma missa em honra do padroeiro de Lagos presidida por D. Manuel Quintas, Bispo do Algarve. A manhã ficou ainda marcada pela inauguração do busto de homenagem a D. José Sebastião d’Almeida Neto (Cardeal Neto, 1841-1920), antigo Cardeal Patriarca de Lisboa natural de Lagos.
A tarde deste Dia do Município foi muito especial, com o regresso da realização da Sessão Solene no Centro Cultural de Lagos (que este ano celebra 30 anos) após dois anos de suspensão devido às restrições da crise pandémica. Foi num ambiente familiar e de espírito comunitário que a cerimónia decorreu com “casa cheia”, marcada por emoções fortes, aplausos, sorrisos e até saudade. Depois do discurso de abertura pela Presidente da Assembleia Municipal, Joaquina Matos, cerca de 31 personalidades, coletividades e entidades foram homenageadas pelo município depois de deliberadas e aprovadas pela Câmara Municipal e Assembleia Municipal, tendo sido destacadas pelo seu trabalho e dedicação ao concelho e à comunidade lacobrigense. No caso das medalhas de mérito municipal de grau prata, foram condecorados o Ginástica Clube de Lagos, Hotelagos S. A. e Teatro Experimental de Lagos. Já as medalhas de grau ouro foram concedidas a José Fonseca, António Mariano, Manuel Domingos Borba, Maria da Graça Cabrita, Vítor do Carmo, Maria Antónia Candeias, Manuel dos Santos Lucas e João Francisco Cascada.
A cerimónia ficou ainda marcada pela atribuição da medalha de mérito municipal de grau ouro coletiva a todas as entidades envolvidas na linha da frente de combate à pandemia COVID-19, uma forma de agradecer e reconhecer o seu contributo nesta luta que ainda perdura e que uniu toda a comunidade. Esta distinção destacou os Bombeiros Voluntários de Lagos, Cruz Vermelha Portuguesa (Delegação de Lagos), Serviço de Proteção Civil e Defesa da Floresta, GNR (Lagos), Polícia Marítima de Lagos, Polícia Municipal de Lagos, PSP (Lagos), agrupamentos de escolas Gil Eanes e Júlio Dantas. Segurança Social (Lagos), juntas de freguesia, serviços da Câmara Municipal de Lagos, Instituto Fonte de Vida, Santa Casa da Misericórdia de Lagos, Centro de Saúde de Lagos, Hospital de Lagos e Hospital de Portimão.
Hugo Pereira, presidente da Câmara Municipal de Lagos encerrou a cerimónia com um discurso que enalteceu a feliz retoma da sessão solene para “valorizar e reconhecer o mérito e os bons exemplos a replicar” dos vários elementos da nossa comunidade, mesmo perante adversidades como a pandemia, guerra na Europa e crise energética e económica. Referiu ainda a importância de iniciativas semelhantes para “afirmação da identidade coletiva lacobrigense”, reconhecendo a força do espírito de união da comunidade.
O dia terminou com a inauguração de uma exposição dedicada à vida e obra de S. Gonçalo de Lagos e que pode agora ser visitada no primeiro pisco do Centro Cultural de Lagos.
As celebrações do Dia do Município foram ainda mais especiais com as presenças de cidades geminadas e com acordos de colaboração e cooperação com Lagos, nomeadamente São Miguel (Cabo Verde), Torres Vedras e Palos de La Frontera (Espanha), sendo que este ano a geminação celebra 30 anos de existência.
As comemorações desta efeméride prosseguem com mais iniciativas culturais como a sessão “Vozes de mulheres na obra de Saramago”, com Joana Manuel (Biblioteca Municipal, 28 de outubro, 21h00), espetáculo “Elogio da Loucura” pel’A Barraca (Centro Cultural de Lagos, 28 de outubro, 21h30), atividades com insufláveis no Complexo Desportivo de Lagos (29 de outubro, 9h00-18h00), palestra “A aldeia de Espiche – Aspetos da sua história (Clube ABC Espichense, 29 de outubro, 15h00), Milonga - Arte Tango (CRCD Luzense, 29 de outubro, 19h30) e espetáculo “Anos d’Ouro das Big Bands” pela Orquestra Ligeira de Lagos (Centro Cultural, 29 de outubro, 21h30).
Informação adicional sobre os homenageados:
Fundado em 29 de julho de 2004, o Ginástica Clube de Lagos desenvolve a sua atividade na área da formação e da competição em diversas especialidades, estando sobretudo vocacionado para a área dos Trampolins, embora já tenha procurado implementar outras disciplinas. Evidenciando-se pelos excelentes resultados obtidos, fruto da dedicação e empenho de técnicos e representantes, mas também da confiança que centenas de pais depositam nesta estrutura associativa, por onde já passaram mais de 600 atletas, conquistou os lugares cimeiros em diversas competições de âmbito nacional nas especialidades de Trampolins, Minitrampolim e Duplo Minitrampolim, por equipas e a nível individual. Em julho deste ano, o município dedicou-lhe um voto de louvor pelos títulos alcançados na época desportiva 2020/2021, no Campeonato Nacional de Infantis de Trampolins e no Campeonato Nacional de Minitrampolim, ombreando com clubes que, para além de serem grandes referências da Ginástica a nível nacional e internacional, têm ao seu dispor incomparáveis recursos materiais, humanos e financeiros. Quatro dos seus atletas, com idades entre os 9 e os 10 anos, irão estar a partir de hoje e até dia 29, a disputar em Loulé, pela Associação de Ginástica do Algarve (Algarve e Alentejo), a Taça Internacional de Trampolins, no escalão Sub-13 da especialidade de Duplo Minitrampolim. É caso para dizer que, no decurso destes 18 anos de existência, o Ginástica Clube de Lagos atingiu a maioridade, representando um forte contributo à prática desportiva e à projeção do nome de Lagos.
A história do Hotelagos S.A. remonta à década de 60 do século passado, quando se inicia a construção daquela que seria uma das primeiras unidades de quatro estrelas da hotelaria no Algarve. Com projeto inicial do Arquiteto José Veloso e decoração de interiores de Maria José Salavisa, duas referências nas respetivas áreas, em 1967 dá-se a inauguração do Hotel de Lagos, numa primeira fase composto por dois edifícios com 45 suites e três outros blocos com vivendas, piscina exterior aquecida, restaurante e discoteca. Gradualmente, ano após ano, o Hotel foi crescendo em área, número de quartos e serviços, ganhando, em 1971, uma extensão com a inauguração do Duna Beach Club, na Meia Praia, conceito único, à época, no Algarve. Tendo sido integralmente renovado entre 2017 e 2019, o Hotel é atualmente composto por 296 quartos, vários restaurantes, salas de conferências, bar e Health Club, distribuídos por 9 edifícios, projetados no estilo de uma pequena aldeia, que estão interligados por jardins e uma piscina central que lhe confere um ambiente único e acolhedor, localizado no coração da cidade. A empresa também cresce, acompanhando a dinâmica do próprio setor de atividade económica. Em 2000, na sequência da aquisição da Hotéis Tivoli, S.A. o nome da unidade é alterado para Hotel Tivoli Lagos.
O Teatro Experimental de Lagos, conhecido, na sua expressão abreviada como TEL é uma das mais antigas associações culturais sem fins lu¬cra¬ti¬vos do concelho de Lagos a exercer, de modo continuado, a sua atividade. Praticar e difundir as artes performativas são a sua razão de existir e o mote para o desenvolvimento de uma série de iniciativas, que vão da componente formativa à produção de eventos culturais e festivais, passando pela criação e apresentação de espetáculos. Marcou sucessivas gerações de jovens lacobrigenses que no TEL e do TEL receberam um primeiro in¬cen¬tivo para a sua formação ar¬tís¬tica. Aqui nasceram, e deram os seus primeiros passos na construção de carreiras promissoras, talentos do teatro, do cinema, da dança e de outras manifestações do mundo das artes performativas. No seu Espaço Cultural, que é sede da Associação e si¬mul¬ta¬ne¬a¬mente lugar de formação, de criação e de apre¬sen¬ta¬ção de es¬pe¬tá¬cu¬los de produção própria, o TEL aco¬lhe igualmente projetos ar-tís¬ti¬cos, formação e ensaios de outras en¬ti¬da¬des, assim como residências artísticas. Fora de portas de¬sen¬volve a¬ti-vi¬dade prin¬ci¬pal¬mente no Algarve, mas também em Portugal e no mundo. Ao completar meio século de existência e atividade, é justo reconhecer-lhe o papel fundamental que tem tido na vida local e regional, enriquecendo a programação com a sua ação cultural alternativa, de carácter educativo e lúdico.
José Lourenço Fonseca nasceu a 21 de março de 1950. Natural de Bensafrim, concelho de Lagos, licenciou-se em Engenharia Mecânica, no Instituto Superior Técnico. Foi professor de Matemática, na antiga Escola Preparatória de Lagos, acompanhando com dedicação gerações de alunos e trabalhando com os seus colegas, professores e restante comunidade escolar na criação de um ambiente profissional de respeito, colaboração e amizade. Pessoa multifacetada, dedicou-se à elaboração de projetos de Segurança Contra Incêndios, exerceu atividade de Consultoria na Inspeção Regional de Bombeiros do Algarve e foi Comandante do Corpo de Bombeiros Voluntários locais, durante 19 anos, chegando a Comandante da Zona Operacional do Barlavento e Comandante do Setor Operacional Distrital de Faro. O associativismo desportivo foi outra das suas paixões, ajudando a afirmar o Clube de Ténis de Lagos, cuja direção presidiu durante 30 anos. Dedicou-se a este cargo com todo o entusiasmo e persistência, contribuindo para o crescimento desta instituição desportiva, por onde passam diariamente dezenas de atletas, de todas as idades na sua prática de ténis e, mais recentemente, do Padel, modalidade a que prestou, nos últimos tempos, toda a sua atenção. Graças à sua influência, o Clube de Ténis de Lagos e a cidade de Lagos têm hoje uma infraestrutura desportiva composta por 5 campos de Ténis e 3 campos de Padel, somando 600 sócios e 190 alunos em processo de formação desportiva. A construção da nova sede, a funcionar há dois anos, foi outro dos grandes sonhos que ajudou a concretizar. José Lourenço Fonseca faleceu no passado dia 6 de abril de 2020, aos 72 anos de idade.
Natural de Portimão, António Mariano cumpriu serviço militar em Lagos, cidade onde, ainda jovem, se fixou, aqui desenvolvendo uma intensa e diversificada atividade nos planos profissional, associativo, cívico e político. Dedicou-se à atividade da Contabilidade, trabalhando no setor conserveiro, no Parque de Campismo Imulagos e prestando serviços para vários estabelecimentos comerciais. No campo político exerceu o cargo de vereador da Câmara Municipal de Lagos, entre 1980 e 1982, tendo sido responsável pelos antigos Serviços Municipais e pelo pelouro do Desporto. Mas já antes do 25 de Abril teve uma participação cívica ativa na comunidade, com relevante trabalho desenvolvido nas áreas desportiva e cultural, marcando profundamente o associativismo em Lagos. Antigo jogador e dirigente do Clube de Futebol Esperança de Lagos foi também treinador de uma equipa de juniores em 1972, inovando na forma de motivar e preparar os seus atletas. Após a Revolução, António Mariano e um grupo de desportistas da cidade decidem organizar os primeiros Jogos Juvenis de Lagos, que merecem grande participação. Foi o pontapé de saída para a fundação do Grupo Desportivo Amador de Lagos (GDAL), em Setembro de 1975, para o qual seria eleito presidente, tornando este clube o mais eclético do Algarve, pela diversidade de modalidades desportivas abarcadas, dando origem, mais tarde, ao surgimento de novos clubes no panorama lacobrigense. De perfil empreendedor, foi o grande impulsionador da 1.ª Feira do Livro de Lagos, organizada pelo GDAL, de campeonatos de Xadrez, entre outras atividades de referência e elevada adesão na época. Era popularmente conhecido por “Fiscaliza”, alcunha que lhe foi atribuída, ainda em criança, por outros miúdos que com ele jogavam à bola na rua, pelo facto do seu pai ser guarda-fiscal. O cognome ficou e perdurou. Faleceu a 14 de janeiro de 2020, aos 84 anos, vítima de doença prolongada.
Nascido a 23 de dezembro de 1936, Manuel Borba é natural da Carrapateira, residindo desde criança em Almádena, no concelho de Lagos, terra natal da sua mãe. Com uma vida dedicada à Marinha Portuguesa, ocupou os quadros desta prestigiada instituição no posto de Cabo-de-Mar, desempenhando a sua missão primeiro em Alcochete, depois na Foz do Arelho e, finalmente, em Lagos. No ano em que se reformou da Marinha decide candidatar-se à Junta de Freguesia da Luz, exercendo as funções de Presidente da Junta durante 4 mandatos, entre 1994 e 2009. Foi, posteriormente, até 2017, Presidente da Assembleia de Freguesia da Luz, membro da Assembleia Distrital de Faro durante quase dois mandatos, completando a sua atividade política como membro da Assembleia de Freguesia da Luz em 2021. Como autarca e como cidadão ativo, lutou para dotar a freguesia de equipamentos sociais, culturais e desportivos. O Centro Social de Almádena, inaugurado em 2007, deve a sua existência à luta deste homem, que desde 1996 defendeu a construção de um equipamento para assistência à população e dinamização da povoação, procurando apoios e reunindo os meios necessários à sua concretização. Aos 85 anos continua a ser um membro ativo da comunidade, integrando o Conselho Municipal Sénior, órgão consultivo da Câmara Municipal de Lagos para as questões da pessoa idosa e do envelhecimento ativo, saudável e inclusivo. Ocupa agora grande parte do seu tempo em atividades agrícolas, cultivando a sua horta e no convívio em família.
Maria da Graça Guerreiro Ventura Cabrita nasceu em Faro e cresceu no seio de uma família dedicada ao ensino, herdando o gosto e as pisadas dos pais, também eles professores. Formada em História, seguiu a carreira docente, cedo começando a lecionar, primeiro em Silves, passando por escolas de várias localidades do Algarve e não só, até ser colocada, em 1983, na cidade lacobrigense, no então Ciclo Preparatório. Dedicou grande parte da sua vida profissional aos órgãos de gestão dos estabelecimentos e direção dos agrupamentos escolares por onde passou, designadamente no Ciclo Preparatório, mais tarde Escola EB 2,3 n.º 1 de Lagos; no Agrupamento Vertical de Escolas de Lagos e no Agrupamento de Escolas Júlio Dantas. Abraçou projetos educativos inovadores, organizando as primeiras Feiras Quinhentistas, que levaram a comunidade educativa para fora do recinto escolar, dando origem ao Festival dos Descobrimentos. No final da sua carreira dedicou-se à coordenação do Centro Qualifica, sedeado no Agrupamento de Escolas Júlio Dantas, mas a servir todo o território das Terras do Infante. Em paralelo, tem sido um membro ativo da comunidade, integrando durante um período decisivo de arranque e até agora a Direção e os órgãos do Centro Ciência Viva de Lagos, da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Lagos, mas também apoiando causas solidárias, como o Banco Alimentar, e mais recentemente, colaborando com o município no âmbito do Fórum dos Descobrimentos. Quem com ela trabalhou enaltece-lhe as qualidades que a tornam uma boa líder.
Vítor Manuel Arriegas do Carmo nasceu em Lagos, mas vive há muitos anos em Portimão. Aqui e lá o seu nome está associado, sobretudo, ao mundo artístico. Aos 71 anos continua a ser feliz de guitarra na mão e não vê mais nada no horizonte que o leve a trocar de paixão. Reformado da Polícia Marítima, passou a dedicar-se ainda mais ao fado e à música. Deu aulas, acompanhou artistas pelo país e pelo mundo, criou a fanfarra dos Bombeiros de Portimão, gravou cd’s e fundou o Duo Trovadores. Tudo começou na Escola Industrial quando foi desafiado a subir ao palco para tocar e cantar num recital de finalistas. Estava descoberto o gosto pelo fado. Já na Marinha, aprendeu uns acordes com um colega, pediu a viola a outro e passou à prática estes parcos conhecimentos. Quando vinha de fim-de-semana a Lagos, tocava em várias casas. Acabou, assim, por ir refinando o gosto pela música, inclusive pela sul-americana. Começou a participar em espetáculos, tocando viola, sempre com gosto em aprender. No intervalo e com as dicas de músicos amigos, foi tomando cada vez mais contacto com a guitarra portuguesa. Aos 29 anos, o pai ofereceu-lhe uma guitarra e pôde desenvolver a prática. Pelo meio, esteve em Lourenço Marques, onde também tocou. De regresso ao Algarve, a guitarra já não o largava e a dedicação aumentava a cada acorde. Vítor do Carmo é um verdadeiro autodidata, que se ‘formou’ à conta da tal paixão, em especial pela guitarra. Durante largos anos, integrou o Duo Trovadores, que ele próprio fundou, atuando sobretudo nos hotéis. Ao mesmo tempo que subia a sua cotação, mais vezes era convidado a acompanhar grandes nomes do fado. Assim, acompanhou Beatriz Conceição, Teresa Tapadas, João Chora, Ada de Castro, Fernando Maurício, Camané e Pedro Moutinho, mas também novos talentos algarvios, como as fadistas Ana Marques e Helena Candeias, entre tantos outros.
Maria Antónia da Conceição Marreiros Candeias é natural de Monchique, mas reside em Lagos desde tenra idade. Trabalhou inicialmente na indústria conserveira, ambiente laboral onde, pela primeira vez, tomou contacto com as precárias condições laborais e a diferença injustificável que existia no tratamento entre homens e mulheres, facto que fez despertar em si um sentimento de revolta e a vontade de lutar para mudar o perfil de sociedade do Portugal de então. A democracia, a igualdade, a justiça e a paz passaram a ser as causas de uma vida. Fundou, em 1977, o Núcleo de Lagos do Movimento Democrático das Mulheres - MDM, associação de mulheres que existe desde 1968, sendo membro da sua Comissão Nacional. Ao longo destes 45 anos de existência da estrutura local do MDM, foram muitos os projetos e iniciativas em que se envolveu, entre exposições, colóquios, congressos, conferências e projetos escolares, como os subordinados à violência doméstica, à violência no namoro e a outros flagelos sociais que procura combater. Teve uma participação ativa na política autárquica, como membro da Assembleia Municipal por dois mandatos, entre 1983 e 1989, como membro da Assembleia de Freguesia de S. Sebastião no mandato de 1998 a 2001 e da Assembleia de Freguesia da Luz, entre 2013 e 2017.Participou em diversas estruturas sociais, tendo sido membro do Conselho Municipal Sénior. Comerciante, atualmente reformada, teve estabelecimentos comerciais, sendo o mais conhecido a Vidreira Candeias. As obrigações profissionais e familiares nunca a demoveram de dar o seu contributo para as causas que defende, obrigando a alguns sacrifícios pessoais.
Manuel dos Santos Lucas é natural da Bordeira, mas a maior parte da sua vida foi passada em Lagos e dedicada à música. Militar, cumpriu serviço na guerra do Ultramar e reformou-se como Sargento-Chefe (ou Sargento-Mor). Integrou a Banda do Exército, a Orquestra Ligeira do Exército e grupos musicais, tendo sido músico e regente de bandas civis. Foi maestro da Filarmónica Lacobrigense 1.º de Maio no período de 1191 a 2003, aqui desenvolvendo intensa atividade, traduzida na direção da banda e na organização de eventos, merecendo assinalar os Festivais e Encontros de Bandas Civis, os concertos de aniversário, as arruadas, assim como a participação nas festividades locais do município. Estabeleceu pontes com outras associações culturais e dedicou-se à formação musical de jovens, a quem procurou passar o seu conhecimento e incentivar ao prosseguimento de estudos musicais. Lutou pela dignificação da Banda Filarmónica Lacobrigense 1.º de Maio, sendo do seu tempo a estreia da farda nova com que, a partir de 1998, os músicos passaram a apresentar-se. Aberto a novos projetos, integrou a Orquestra de Jazz de Lagos – que haveria de dar origem à estrutura da atual Orquestra de Jazz do Algarve - e integra, ainda hoje, aos 85 anos, como saxofonista a Banda Filarmónica Lacobrigense 1.º de Maio e a Orquestra Ligeira de Lagos.
Jogador, formado no Esperança de Lagos, lembrado pelo seu porte alto e atlético, João Francisco Taquelim Lima Cascada foi campeão distrital em 1969/70, ao serviço do clube da sua terra, chegando a integrar a equipa na 3.ª Divisão na época seguinte. Tendo lecionado Educação Física, é, a dada altura, chamado a participar e a dar o seu contributo na vida de outra instituição local, tornando-se, entre 1973 a 1981, Comandante do Corpo de Bombeiros Voluntários de Lagos. Ocupou diversos cargos de responsabilidade no domínio das estruturas de Emergência e Socorro, tendo sido Inspetor Regional dos Bombeiros do Algarve durante 19 anos (de 1981 a 1998), Vice-Presidente do Serviço Nacional de Proteção Civil, entre 1999 e 2000, Vogal da Direção do Serviço Nacional de Bombeiros, Vice-Presidente do Serviço Nacional de Bombeiros até 2002 e Presidente do Serviço Nacional de Bombeiros. Foi igualmente Impulsionador e Sócio Honorário da Associação de Chefias dos Bombeiros do Algarve. Participou na construção e afirmação do poder local democrático, primeiro enquanto Vereador, no mandato de 1977 a 1979, e depois como membro da Assembleia Municipal, no mandato de 1990 a 1993, órgão a que presidiu no mandato de 2002 a 2005.