Comemorações do 10 de Junho atraíram milhares a Lagos
A Cerimónia Militar comemorativa do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que teve como palco a Avenida dos Descobrimentos, foi o ponto alto das celebrações iniciadas a 1 de junho. O momento da imposição da condecoração ao General Ramalho Eanes, a intervenção de Lídia Jorge, presidente da Comissão Organizadora das Comemorações do 10 de Junho 2025, e o último discurso do 10 de Junho de Marcelo Rebelo de Sousa, na qualidade de Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas, marcaram uma cerimónia que impressionou, também, pela dimensão das forças em parada e do desfile militar, que aconteceu em terra, no ar e no mar.
Muito aplaudido à chegada pelos milhares de pessoas que se concentravam no local para assistir à Cerimónia Militar, Ramalho Eanes, o primeiro chefe de Estado da democracia, foi condecorado pelo Presidente da República com a imposição do grande-colar da Ordem Militar de Avis, o mais importante grau desta ordem destinada a premiar altos serviços militares.
Marcante foi também a mensagem do discurso de Lídia Jorge, escritora, conselheira de Estado e figura escolhida por Marcelo Rebelo de Sousa para presidir a Comissão Organizadora das Comemorações do 10 de Junho 2025. Com palavras respaldadas nas obras de Camões, Cervantes e Shakespeare, que “desenvolveram obras notáveis de resposta ao momento de viragem de que eram testemunhas” e “procederam à anatomia dos dilemas humanos e, entre eles, os mecanismos universais do poder”, Lídia Jorge alertou para os perigos dos extremismos, condenando o racismo, a escravatura e a cultura da mediocridade. Na sua intervenção, salientou, ainda, o motivo da escolha da cidade de Lagos como palco das celebrações, 29 anos depois de ter acolhido um 10 de Junho, ao considerá-la um “lugar obrigatório quando se pretende avaliar as relações entre os povos ao longo dos séculos” (…), uma cidade “(…) democrática, livre, próspera”. Uma cidade que “oferece às populações atuais, a par do lado mágico dos Descobrimentos, também a imagem do seu lado trágico (…)” e “(…) não se furta a expor essa verdade histórica (…) para que nunca mais se repita”. Para a escritora, “Lagos, a cidade dos sonhos do Infante de que Sagres é a metáfora, passados todos estes séculos, promove a consciência sobre o que somos capazes de fazer uns aos outros. Esta tornou-se, pois, uma cidade contra a indiferença” que considera “uma luta nossa, contemporânea.”
Temas igualmente escolhidos pelo Presidente da República, que, neste seu último discurso do 10 de Junho, desmistificou e clarificou o que é ser português ao afirmar que os quase 900 anos de pátria e história comum foram construídos por povos vindos de toda a parte. Na sua alocução Marcelo Rebelo de Sousa também não esqueceu os mais frágeis e a necessidade de se cuidar melhor da nossa gente, dando prioridade ao combate às desigualdades, um tema que lhe é caro e uma preocupação que marcou o exercício das suas funções no Palácio de Belém. A proximidade ao povo anónimo, outra das caraterísticas dos seus mandatos como Presidente da República, esteve patente no discurso, assim como na forma calorosa como cumprimentou e interagiu com o público nesta sua permanência em Lagos, decorrida entre os dois momentos solenes e simbólicos do hastear (no dia 9 de junho) e do arriar da Bandeira Nacional (ao final da tarde do dia 10 de junho) na Praça Infante D. Henrique.
Na envolvente esteve patente durante vários dias a Expo Forças Armadas 2025, uma impressionante e interativa mostra dos meios militares ao serviço dos três ramos, que suscitou a curiosidade e interesse do público.
A Praça do Infante foi, ainda, palco de cinco excelentes concertos, os primeiros quatro protagonizados pelas bandas/orquestras militares (Banda de Música da Força Aérea, Banda da Armada, Banda Sinfónica do Exército e Orquestra Ligeira do Exército) e, a fechar a programação, a atuação da Orquestra do Algarve. A noite de 9 de junho seria especialmente preenchida, somando ao animado e muito apreciado concerto dois momentos de interesse adicional, o primeiro dois quais proporcionado pela coragem, disciplina e mestria dos seis paraquedistas Falcões Negros que cruzaram o céu num impressionante salto em queda livre na escuridão, o mesmo céu que, segundos depois, seria iluminado por fogo de artifício.
Foram 10 dias muito preenchidos, intensamente vividos por todas as entidades envolvidas nas comemorações, amplamente divulgados pela comunicação social - em especial pela RTP que, com programas em direto (“Portugal em Direto” e “Portugal no Mundo”), levou o nome e as imagens de Lagos aquém e além fronteiras – e muito participado pelos milhares de pessoas que visitaram a cidade nestes dias, assim como pela população que, de forma compreensiva e solidária, suportou os inevitáveis condicionamentos à circulação e estacionamento, sem a qual não teria sido possível concretizar esta tão exigente missão.
Das Comemorações do 10 de Junho 2025, permanecerá durante mais alguns dias em Lagos (até 15 de junho) a exposição temporária “Vasco da Gama e a Índia” do Museu da Marinha, a visitar no Armazém Regimental, das 10h00 às 20h00, com entrada livre.