Município dedica voto de pesar a João Pereira Neto
A Câmara Municipal aprovou um voto de pesar dedicado ao lacobrigense João Baptista Nunes Pereira Neto, falecido no passado dia 27 de julho.
Nascido em 1935, João Pereira Neto foi um brilhante académico que se destacou pelo vasto trabalho de investigação desenvolvido no campo dos Estudos Ultramarinos, da Antropologia Política, do Multiculturalismo e da Cultura Organizacional da Administração Pública, tendo exercido igualmente cargos de responsabilidade em instituições universitárias e outras prestigiadas entidades.
O mérito do seu percurso foi oportuna e publicamente reconhecido pelo município de Lagos, que, em 2011, que lhe prestou justa homenagem no âmbito das comemorações do 27 de outubro, Feriado Municipal. Na ocasião, o Professor João Pereira Neto foi distinguido com um louvor público correspondente à Medalha de Mérito Municipal - Grau Ouro.
Aprovada por unanimidade e seguida do cumprimento de um minuto de silêncio, a proposta de Voto de Pesar detalha o percurso biográfico deste filho de Lagos (*), recordando o legado da sua produção científica, assim como o importante trabalho desenvolvido nas várias instituições a que esteve ligado, nomeadamente, e entre outras, à Universidade do Algarve.
Neste momento de despedida, o município, reconhecido pelos elevados contributos a bem da cultura e educação na região do Algarve, endereça aos familiares, colegas e amigos de João Baptista Nunes Pereira Neto os seus sentidos pêsames.
(*) “Nascido em Lagos em 1935, João Baptista Nunes Pereira Neto foi aluno do então Instituto Superior de Estudos Ultramarinos (ISEU), no ano letivo de 1955/1956 e, logo após terminar a Licenciatura no Curso de Administração Ultramarina foi convidado pelo Professor Adriano Moreira, em 1958, para assistente do ISEU e secretário-adjunto do Centro de Estudos Políticos e Sociais. Em 1960, obteve o Diploma em Altos Estudos Ultramarinos e em 1964 concluiu o seu Doutoramento, também em Estudos Ultramarinos, com a tese intitulada “Angola. Meio Século de Integração”, tese que lançou as bases de investigação posterior nos domínios da Antropologia Política, do Multiculturalismo, das relações Raciais, do Desenvolvimento e Mudança Cultural e da Cultura Organizacional da Administração Pública. Também em 1960, foi convidado para Inspetor e Chefe de Repartição do Gabinete dos Negócios Políticos do Ministério do Ultramar.
Em 1968, na sequência da aprovação em concurso de provas públicas para Professor Extraordinário do grupo de cadeiras designado por Estudo das Populações Nativas, foi-lhe concedido o título de Professor Agregado e em 1970 foi aprovado no concurso de provas públicas para professor catedrático do 2º grupo de disciplinas, intitulado Ciências Económicas e Povoamento.
Entre 1974 e 1980 esteve afastado da docência por razões políticas.
Colaborou com diversas instituições universitárias como é o caso da Universidade de Lisboa, Universidade Internacional e Instituto Superior Politécnico Internacional, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Universidade de Évora, Universidade de Coimbra, Universidade Nova de Lisboa, Universidade de Sevilha, Universidade Lusíada, Universidade Autónoma – Luís de Camões e, sobretudo com a Universidade do Algarve, tão cara a toda a região e suas gentes.
Em 1981, desenvolveu um estudo sociológico que visava a «definição das caraterísticas que a Universidade do Algarve deveria ter», sendo para isso «ouvidas mais de duas centenas de individualidades em todos os concelhos algarvios».
Declinou convite para reitor da Universidade do Algarve «face ao condicionalismo político existente naquela época – particularmente ao poder ainda detido pelos oficiais revolucionários que o tinham saneado» e, nessas circunstâncias, «passou a ser o número dois da Universidade do Algarve, ao lado de Manuel Gomes Guerreiro, professor catedrático da Universidade Nova de Lisboa, que conhecera no exercício de funções na Comissão Instaladora da Universidade de Évora e de secretário de Estado do Ambiente». Estava, assim, iniciada a Comissão Instaladora da UAlg.
Foi autor de vários artigos e obras de referência e orientou e participou em júris de diversas provas públicas.
Desenvolveu ainda um amplo conjunto de atividades de investigação científica junto do Instituto de Investigação Científica Tropical, do Museu da Sociedade de Geografia e assumiu responsabilidades de relevo na Comissão Nacional de Eleições, Associação dos Amigos do Tejo, Crédito Agrícola Mútuo, SIPEC – Sociedade Internacional de Promoção do Ensino e Cultura, S.A., APESP – Associação Portuguesa de Ensino Superior Particular e na CEP – Confederação do Ensino Particular, foi fundador da Associação Portuguesa de Antropologia e fundador da Associação Portuguesa de Sociologia, sócio fundador e Presidente do Conselho Fiscal da Associação para o Desenvolvimento Económico e Social e Sócio-gerente da ANTROPOS – Sociedade de Estudos de Sociologia e Antropologia.
Participou nos órgãos de gestão do ISCSP – Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, destacando-se como Presidente do Conselho Pedagógico, entre 1986 e 2005, e como investigador integrado do Centro de Administração e Políticas Públicas (CAPP), na área da Antropologia.
Jubilado desde 1 de setembro de 2005, o Professor João Pereira Neto era Secretário-Perpétuo da Direção da Sociedade de Geografia de Lisboa e Vice-Presidente da Academia Internacional da Cultura Portuguesa.
Fontes consultadas: https://www.iscsp.ulisboa.pt/; https://www.ualg.pt/; https://www.sulinformacao.pt/