EXPOSIÇÃO “PRISCILA FERNANDES: ONDE FICA A GOZOLÂNDIA”
10 de maio a 5 de julho | 3.ª a sábado | 10h00-18h00
Local: Centro Cultural de Lagos – Sala de Exposições 1
Org.: Fundação de Serralves — Museu de Arte Contemporânea e CM Lagos
Entrada gratuita
Seja em instalações, pinturas, trabalhos em vídeo ou livros, a prática de Priscila Fernandes (Coimbra, 1981) está enraizada numa pesquisa contínua sobre a educação, o jogo e a dialética entre trabalho e lazer, sendo particularmente pautada por um interesse pela educação pela arte e pelas práticas artísticas do século XX. Na Antiguidade Clássica, o termo grego scholē (escola) significava “lazer” e praticar o lazer passava por exercitar o olhar e a discussão, referindo-se também àqueles que pensam em comunidade, algo que a artista considera necessário e urgente. A transformação da palavra “lazer” ao longo dos tempos desviou-se do seu sentido original, aproximando-se das ideias de “tempo livre” vs “produção”, especialmente no séc. XX, no contexto da industrialização. Através de uma abordagem especulativa e ficcional, o trabalho de Priscila Fernandes levanta questões concretas sobre a ideia de liberdade individual e coletiva e sobre o impacto dos contextos industrial e pós-industrial na vida dos indivíduos e na sua perceção sensorial, examinando as disputas sociais que estão no centro de decisões estéticas de diferentes movimentos modernos.
A instalação Gozolândia e outros futuros resulta de uma encomenda realizada à artista para a 32º Bienal de São Paulo, em 2016, construída a partir de um mito medieval de um país imaginário conhecido por Cocanha. Nesse país, a comida seria abundante, o clima ameno e o trabalho desnecessário. O filme Gozolândia faz uma atualização deste mito, relacionando-o com episódios do passado colonial e da sociedade atual. Priscila Fernandes propõe uma reflexão sobre a relação entre trabalho, jogo e lazer e a sua influência no ato de criar e no usufruto artístico. O filme é acompanhado por um conjunto de sete cadeiras de praia com padrões abstratos, intitulado Ergonomia do Abstracionismo, que convida o espetador a uma interação ambígua com a obra, oscilando entre a contemplação descontraída e a análise crítica. A instalação será acompanhada por um conjunto de livros e publicações de artista que complementam a sua pesquisa neste campo.
Esta exposição, com curadoria de Joana Valsassina, integra o Programa de Exposições Itinerantes da Coleção de Serralves que tem por objetivo tornar o acervo da Fundação acessível a públicos diversificados de todas as regiões do país.
BIOGRAFIA:
Priscila Fernandes é formada em Pintura pelo National College of Art and Design, em Dublin, tendo posteriormente concluído o Mestrado em Belas Artes no Piet Zwart Institute da Universidade de Roterdão. Foi distinguida com os prémios Brutus Award (AVL Mundo, Rotterdam) em 2019 e EDP Novos Artistas em 2011. O seu trabalho tem sido amplamente apresentado na Europa em exposições individuais e coletivas em instituições como o Museu Reina Sofia, em Madrid, a Fundação Joan Miró, em Barcelona, o Stedelijk Museum, em Amesterdão, o TENT, em Roterdão, a Künstlerhaus Bethanien, em Berlim, a Tabakalera, em San Sebastian, a Fundação de Serralves, no Porto, o CIAGJ, em Guimarães, a Bienal Anozero, em Coimbra, e o MAAT, em Lisboa, entre outros. Vive atualmente em Roterdão, na Holanda.