CLUBE DE LEITURA DE LAGOS: REVOLUÇÕES E REFLEXÕES SOBRE GENTES SEM QUALIDADES NO PASSADO, com Patricia Portela e Anabela Mota Ribeiro
8 de fevereiro | 18h00
Local: Biblioteca Municipal de Lagos
Org.: CM Lagos
Duração: 90 min
Class. etária: M18
Participação gratuita, mas sujeita ao limite de 25 inscrições prévias obrigatórias através do telefone 282 767 816, página de Facebook da Biblioteca ou email biblioteca@cm-lagos.pt
Neste novo ciclo de leituras iremos percorrer a vida e as visões de gente sem carácter, personagens que habitualmente não têm voz na sociedade ou que são a única voz que se ouve abafando os oprimidos, gente que ainda acredita no melhor dos mundos possíveis ou que se levanta contra todas as descriminações. Em ano de celebração de revoluções, celebramos liberdade lendo sobre as mazelas dos séculos XIX e XX de que somos herdeiros.
Livro em análise/leitura: Macunaíma, de Mário Osvaldo de Andrade
“Macunaíma” foi publicado em 1928 e é considerado a obra-prima de Mário de Andrade. Inspirado em lendas, crónicas, ditados e folclore, é também um marco da literatura brasileira, tido como romance fundador. O herói do romance é muitas vezes equiparado ao retrato do Brasil. O carácter glutão e antropofágico da cultura brasileira é uma das faces do pensamento modernista, e é por isso que Macunaíma é um herói sem nenhum carácter, porque todos os caracteres são seus. Primeiro é uma criança com a sexualização de um adulto; depois, é um adulto com «carinha enjoativa de piá»; é preguiçoso e mesquinho, mas desarma todos à sua volta com a sua alegria e sensibilidade; é um índio negro que se transforma em branco; é malévolo e egoísta, mas mostra a sua humanidade em vários episódios. Macunaíma é um retrato cómico do brasileiro, mas, e Mário de Andrade faz questão de sublinhar, não é um símbolo, é antes o sintoma da falta de carácter do Brasil.
BIOGRAFIA:
Patrícia Portela (1974). Autora de performances e obras literárias, vive entre Portugal e Bélgica. Tem um mestrado em dramaturgia do espaço pela Central St Martins College of Art e pela Utrecht Faculty of Theatre e outro em filosofia contemporânea pelo International Institute of Philosophy de Leuven. É reconhecida nacional e internacionalmente pela peculiaridade da sua obra e recebeu por ela vários prémios das quais destaca o Prémio Madalena Azeredo de Perdigão/FCG para os espetáculos Flatland I (2004) e Wasteband (menção honrosa 2003), ou “Parasomnia”, finalista da 1ª edição do Prémio Sonae/MNACC 2015. Autora de vários romances e novelas, foi cronista na Rádio Antena 1 em 2019-2020, é cronista no JL desde 2017, participou no International Iowa Writers’ Program de 2013 e foi a 1ª bolseira literária da Embaixada de Berlim. Da sua mais recente obra destaca o Banquete, finalista do prémio APE 2012, Dias Úteis, 2016, e, mais recentemente, Hífen, finalista do Prémio Correntes D’Escritas e Prémio Ciranda 2022. Dirigiu o Teatro Viriato em Viseu durante a pandemia (20-22), foi responsável pela primeira edição do PACAP – performance advanced arts program do Forum Dança em 2015, e leciona com regularidade na Escola Superior de Teatro e Cinema. É atualmente a diretora artística do espaço das Gaivotas.
Estacionamento gratuito - O Centro Cultural de Lagos e a Biblioteca Municipal de Lagos oferecem estacionamento gratuito no parque da Frente Ribeirinha (Avenida dos Descobrimentos) para o público dos seus espetáculos/eventos. Para o referido desconto basta que o utente apresente, na receção do parque, carimbo obtido na bilheteira do Centro Cultural de Lagos ou entrada da Biblioteca Municipal de Lagos. A oferta diz apenas respeito a uma hora antes e até uma hora depois de cada espetáculo/evento.